sexta-feira, 29 de abril de 2011

Bebedeira Mental Um

"Pois, mas olhe... Eu cá acho que nós não aprendemos com os erros! Veja-se a história do mundo..."
"Então a menina acha que o dito popular que diz que é com os erros que aprendemos não é verdade?"
"Se quer que lhe digo, acho!"
"Então e está aqui a falar comigo? Não acredito que estou a ouvir uma coisa dessas vinda de uma jovem... Sinceramente!"
"Então, vou-lhe dar um exemplo: Já alguma vez teve um acidente de carro?"
"Sim, um."
"E depois disso, passou a ter mais cautela?"
"Bom, mudei de carro, passei de 800 para 80... A minha mulher muitas vezes até diz que preferia ir ela a conduzir, que eu sou tão lento que ela a pé quase que chegava lá primeiro!"
"Pois.. Então olhe... Ou é o senhor que tem uma grande capacidade de mudança, ou é o carro que faz muita diferença na sua condução." (e eu acho que é a segunda)

Tempo

Estava a chover tanto, e eu ia atrás de ti, ou tu atrás de mim. Tínhamos discutido, uma senhora ofereceu-me o chapéu de chuva na passadeira, eu estava a escorrer água por todo o lado. Tu estavas molhado, e paraste em baixo de uma porta, para te abrigar da chuva. Estava frio, mas nós tínhamos pouca roupa. Olhei para ti e estavas a chorar tanto como a chuva. Eu estava furiosa, com raiva, não sabia o que dizer. E então tu
"Amo-te"
E nesse momento o céu voltou a brilhar para mim. Levaste-me abraçado até casa, era só descer a avenida, e entraste no prédio proibido, com o código, e o porteiro e as colegas a entrar e a sair. Subimos alguns lances de escadas e ficámos no escuro, tu abraçaste-me mais uma vez, já secos, e eu não sabia o que dizer, e foi aí que te ouvi chorar, talvez, e
"Fica comigo."
Não pela mesma ordem, com muitos entretantos, com muitos contratempos, com tudo o que veio antes e com tudo o que veio depois... Mas uma coisa é certa, eu ouvi e acedi. Sempre.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Sublime

Sommes nous les jouets du destin
Souviens toi des moments divins
Planants, éclatés au matin
Et maintenant nous sommes tout seul


Perdus les rêves de s'aimer
Le temps où on avait rien fait
Il nous reste toute une vie pour pleurer
Et maintenant nous sommes tout seul

Protect me from what I want

Protège-moi, protège-moi

Perfection

Fantasia e Fantasmas

quando o que me rodeia magoa e dói,
quando as pessoas se passeiam pelas minha vida e não me dão o que realmente quero,
ou quando não sei o que é que quero
e quando olho para aqueles de quem gosto, mas não vejo a mesma pessoa...

se a vida sempre me deu marisco, mas não gosto,
se sempre quis dar um passo maior do que a minha perna,
ou se nunca dei passo algum todo o tempo
nem pensei nisso
e tudo o que fizeram foi impôr-me coisas ao longo da vida...

É normal que me conforte com a busca e a ideia de um amigo imaginário, uma fantasia, um amigo
com piercings
e tatuagens
e que não se preocupe com a colecção da Zara
nem com a traição da vizinha
e a maquilhagem borrada
mais a cor do verniz
e que se ria muito
e ouça
e converse sobre tudo
e nada
e mais alguma coisa
e me entenda perfeitamente
e me ame incondicionalmente
ou condicionalmente
e venha de férias
mesmo quando vêm os nossos pais
e o dinheiro não é muito
ou a vergonha pouca
e faça coisas parvas
sem esperar que seja eu a ir falar com ele
me grite e mande à merda
se ria de ele mesmo
e de nós


se calhar é tão simples como isto: a fantasia é a capacidade que todos nós temos de fazer omeletes sem ovos!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Us



We're so wonderfully wonderfully wonderfully
Wonderfully pretty
Oh you know that I'd do anything for you
We should have each other to tea huh?
We should have each other with cream
Then curl up by the fire
And sleep for awhile
It's the grooviest thing
It's the perfect dream

The Cure - Lovecats




B-L

Segundo o DSM-IV, o diagnóstico desta perturbação pode ser feito quando cinco, ou mais, critérios estiverem presentes:

(1) um esforço frenético para evitar um abandono, que pode ser real ou imaginado;

(2) um padrão de relações instáveis e intensas, caracterizado pela alternância entre a idealização e a desvalorização do outro;

(3) uma perturbação da identidade caracterizada por uma instabilidade no sentido de auto-imagem e de self;

(4) impulsividade demonstrada em pelo menos duas áreas que podem ser potencialmente prejudiciais para o próprio (e.g. gastar dinheiro, sexo, abuso de substâncias, condução perigosa, comer compulsivamente);

(5) Comportamentos, gestos ou ameaças suicidas ou comportamentos de auto-mutilação;

(6) instabilidade afectiva devido a uma reactividade do humor (e.g. episódios de intensa disforia, irritabilidade ou ansiedade, que normalmente duram algumas horas, e excepcionalmente mais de poucos dias);

(7) um sentimento crónico de “vazio”;

(8) raiva inadequada e intensa ou dificuldade em controlar a raiva (e.g., demonstrações de irritação frequentes, raiva constante, lutas físicas como recorrentes);

(9) uma ideação paranóide transitória, relacionada com o stress, ou sintomas dissociativos severos (transitórios).


Oh yeah, baby!

inie

A última de três.
Dependente de atenção exclusiva.
Chorona.
Emotiva.
Conversadora.
Sonhadora.
Atrasada, é sempre das últimas a chegar.
Sensata.
Comilona.
Mal dizente.
Adora dormir.
Adora passear.
Faz birra quando contrariada.
Não desiste.
Quer conciliar tudo na vida.
Preguiçosa.
Viciada em livros.
Medricas.
Ouvinte.
Refilona.
Tem sempre alguma doença.
Apaixonada.
Infantil.


Continuum

Existe sempre, algures, uma senhora que vive numa casa rodeada de gatos, fétida. A senhora é obesa e passa a manhã sentada no sofá a ver televisão, com a bata vestida, enquanto aprende dicas de amor e muda de canal, para saber quais os crimes mais badalados do país e quais as maiores desgraças, e vê pessoas a provar comidas exóticas que parecem melhor do que aquilo que sabem. Um dia deseja ir à televisão e pedir uma ajuda monetária para tapar a brecha que deixa entrar água em casa, mas por enquanto vai usando baldes para o chão não apodrecer (mais). Pode ser que lhe ofereçam roupas novas, dessas de boutique, com o tamanho adequado para ela, e mais caixas para os gatinhos fazerem as suas necessidades.
A sua rotina passa por ir até ao Supermercado, não vão os gatos morrer à fome, e passar da cozinha ao sofá, do sofá à sanita, da sanita ao sofá, do sofá à cama... Os gatos vão-se multiplicando em todo o lado, fazem ninhos, afiam as patas nos sofás e nas cadeiras, dormem ao sol e na cama da dona. Miam quando têm fome e já sabem os finais das novelas que dão até à uma da manhã, todos os dias menos ao Domingo, dia de deitar mais cedo, e rezar o terço pela alma do falecido marido.
Quando morrer, espera que os vizinhos sintam a sua falta e entrem porta dentro, para confirmar o cadáver frio e branco na sala... E de preferência que morra em paz e sem dor, por favor, e não fique muito tempo a penar no Purgatório...
E que alguém mude a areia aos gatos!