quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

se eu cair, estarás desse lado para aplaudir?

S,

Foi na nossa única viagem juntas - primeira e última - que ouvi um pensamento que quero hoje partilhar contigo. Dizia o senhor padre, na altura da minha confissão - aquele tipo de confissão que é mais desabafo e conselho do que propriamente confissão - que eu devia abrir as portas ao amor. Sim, o amor de que me falaste há cerca de duas semanas. O que me marcou do que ele disse é que amar é saber deixar o outro ir, dar-lhe asas, dar-lhe um sítio onde se sinta bem. Dar espaço. Amor rima com liberdade, disse ele. E ficou-me no ouvido. Até hoje. Amor rima com liberdade, não com prisão. Com liberdade, porque o outro volta porque gosta verdadeiramente de nós - volta porque gosta de nós, porque nos ama. Porque se sente bem connosco.
Cansei-me de críticas, julgamentos. Dessa falsa mania de superioridade que mais não é que um forte sentimento de inferioridade crónico que faz com que o ataque àqueles que são sentidos como melhores seja a melhor técnica de defesa. Porque é sempre melhor criticarmos todos os que fazem e pensam de forma diferente, ao invés de fazermos o esforço por nos tornamos melhores... Afinal, escolhes sempre o caminho mais fácil. Mais fácil para te tornares numa pessoa difícil de gostar. Numa bolha protectora de fingir.
Dizia o anúncio da Mimosa que se "eu não gostar de mim, quem gostará?". E eu fico a pensar nisto... Sabes, há algum tempo atrás deparei-me com a ideia de que o "amor incondicional é aquele que os filhos têm pelos pais", que não há explicação relativamente ao brilho nos olhos de um bebé a olhar para o pai ou para a mãe. Os meus olhos já não brilham.
E sim, quem semeia ventos colhe tempestades! Mas esta não é a hora de inversão de papéis, nem de jogar ao "Quem é Quem".
Deixo ainda uma pequena nota: nascemos do amor, sempre - da união de duas pessoas, do milagre que é 1 e 1 serem 3. Crescemos no amor - o amor no olhar do outro, no respeito e no reconhecimento do outro. Faz parte da vida, porque a vida é isso. A procura pela outra metade, que nos enche o coração. Independentemente de todo o resto, ou de termos tanto medo da rejeição do outro que mentimos a nós próprios que somos auto-suficientes. Até um dia...

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

catorze

como é que podemos dizer que um ano foi mau? O dois mil e catorze não atentou pessoalmente contra mim, vistas bem as coisas até foi um ano de algumas vitórias e não me posso queixar, porque o tempo tem-me mostrado que o dia de amanhã pode ser sempre pior - dois mil e catorze, a sério que me levaste a réstia de esperança vindoura dos anos subsequentes? Misericórdia!

foi um ano de perdas, das grandes, médias e pequenas. sofrimento foi a palavra de ordem, em plano de fundo, sempre presente quase 24 sobre 24 horas. discuti mais do que a conta, chorei mais do que devia, não ri tanto como desejava e os abraços foram, na sua maioria, agridoces - está cientificamente comprovado que cerca de 50% sabiam a despedida! nem vou falar das mensagens e telefonemas desagradáveis para não deprimir já por aqui.
foi um ano de falhanços, pata na poça, pautado pelo mau gosto musical, pelos medos e ataques de pânico, noites sem dormir e manhãs em que apetecia ficar na cama. os fins-de-semana foram passados a dormir, na maioria das vezes. ou em transporte.
aprendi muito, e ficou tanto por fazer. aprendi a importância de ouvir antes de pensar na resposta a dar. e a desenrascar (como diz o meu mais que tudo, um homem enrascado é pior que uma mulher grávida.... o que quer que isso signifique).
recebi mais do que aquilo que dei - e quem semeia ventos, colhe tempestades.
olho para este novo ano com a urgência do quinze. este ano coloquei na mudança de ponteiros e de calendário a carga emocional da mudança - se vai resultar, só o tempo o dirá. 
por agora, sempre, na linha que separa a normalidade do resto - mas se 1 em cada 5 pessoas tem doença mental...