quinta-feira, 13 de março de 2014

apontamento mental

No ano em que vou fazer 25, olho para trás e parece que foi há uma vida atrás que passeava de mala de viagem pela avenida, sempre, sempre atrasada. Com certeza gostarias de saber que já não chego atrasada - tanto! - e que estou a treinar o meu comportamento colaborante quando os outros estão em apuros. Sim, agora estou a tentar rir-me depois, de preferência quando estou sozinha e revejo mentalmente a situação na minha cabeça... Mantenho uma relação esquisita com a comida, agora mais desregrada e assumindo que gosto de comer tudo aquilo que faz mal, mas que tenho uma saúde impecável que me permite ir dar sangue e ser elogiada por ter um sangue "tão bom". Excepto quando tenho anemia. Tenho pensado que o controlo é lixado, e que urge encontrar o meu ponto de equilíbrio.
Às vezes lembro-me da minha amiga Ana, que me disse abertamente que eu tinha tido maternáge, e eu cada vez mais tenho falta de sentir que a tenho, tenho tanta mas tanta falta de laços verdadeiros como no Principezinho. Está tão longe a esplanada, os pôres do sol, e noutra realidade os chás divididos e as torradas com muita manteiga na nossa amiga brasileira. Está a anos luz a Calouste Gulbenkian, a chuva que em Lisboa não molha, e o frio que nos permite deixar o casaco em casa. Neste pack juntei, obviamente, a primeira vez que subi a Avenida das Forças Armadas à noite. 
Continuo a dar voltas ao texto para dizer coisas óbvias, e agora ainda me enrolo mais porque cada vez escrevo menos e pior, dia após dia. Tem dias em que não me apetece escrever, e ler só o que me agrada.
Tenho lido mais policiais do que aquilo que alguma vez achei ser humanamente possível. 
Descobri que sou a pessoa mais insistente do mundo, que ganho pela exaustão e nem sempre pela razão. Que já não sei ser porto de abrigo, porque descobri o que é ser abrigada. 
Antes dos 25, fui acordada pela pessoa cuja brevidade mais me marcou nos últimos tempos. Deixei-a ir, com o maior sentimento de culpa de sempre. Até ela está longe, no verde dos olhos mais traquinas de sempre. Ao que parece, isso mudou a minha forma de ver as coisas e de estar. Só o tempo o dirá.
Agora estou mais silêncio e menos ruído - aprendi a fazer silêncio quando tem de ser, e a calar-me por causas mais nobres. 
Mantenho-me contraditória e a analisar os outros naquilo que não é visível aos olhos. Só ao coração, e às vezes, até quanto a isso tenho dúvidas...