domingo, 31 de janeiro de 2016

a prova em como sou "timeproof"

Continuo, sempre, à espera do que já sei que não vem. Na esperança - vã - que a magia aconteça!
Hoje apetecia-me que alguém me acordasse com um balde de água fria. Podia falar em chinês, desde que eu entendesse que era para me desejar um Feliz Ano Novo. Porque se o Natal é quando um Homem quiser, porque não fazer um Ano Novo dentro do ano velho? Diz que é ano novo na China, eu estou numa de criar as resoluções e os desejos, que não tive tempo para processar tudo nos 365 dias de 2015.

domingo, 24 de janeiro de 2016

a história da minha resolução de ano novo

Estava no final do ano quando os braços que se me estendem não chegaram até mim. Quando tive de andar sem rede por baixo.
A fazer o que mais odeio na vida: tomar decisões. Cada decisão que tome vai invalidar, sempre, novas escolhas, alternativas, cada caminho que tome vai eliminar cem mil outros caminhos, outras pessoas, outras coisas.
Dizem-me que uma pessoa "como eu" (o que quer que isso queira dizer) tem de ter objectivos, de saber para onde quer ir, porque barco parado não segue caminho... Que tenho de ser a diferença que quero ver no mundo....
Num dos dias em que estava sozinha, irritada com tudo, decidi começar a furar uma corrente - se toda a gente está a ir no sentido contrário ao nosso, se calhar isso quer dizer que estamos no caminho errado, mas eu sempre achei que sou uma anti-sistema, por isso ia andando, cada vez mais depressa - andei tanto que o dia começou a escurecer e eu era novamente pequena, a desejar que a minha mãe percebesse que a estava a chamar por ela, algures, perdida. Na rua, não avistava ninguém. Eu, sem telemóvel, a desejar ter um objectivo, a desejar braços que me apertassem e dissessem que ia ficar tudo bem. A dada altura, decidi que o melhor era voltar para trás. Lembrava-me que o senhor me tinha dito esquerda, que eu tinha seguido, esquerda e depois direita - a questão é que não encontrava a direita. Voltei a andar, andar, andar, noite escura, a desejar ter alguém a quem perguntar onde é que poderia ir ter, alguém tem um carregador para o meu telemóvel, não, não é um i-phone, deixe lá que eu não vou morrer por causa disso. Depois de meia hora encontro o meu destino. Ouço vozes conhecidas, crianças, uma família cheia delas. Uma menina que vem a correr em direcção a mim para dar um beijinho e um abraço, eu sem reacção...
Há uns dias, e pela segunda vez em menos de um mês a morte a uns centímetros da minha cara, porque vou rápido de mais, o meu coração a falar mais alto, e de repente mil objectivos, mil decisões, mil coisas que mudava já ontem na minha vida. Essencialmente, as pessoas, não as quero ver apenas em funeral (seja o meu ou o delas), lamentar-me porque éramos amigos, família, conhecidos, daquilo que podíamos ter sido, enquanto eu andava a pensar o que fazer com a minha vida.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

chegou o ano em que desejo festejar para trás, ou porque é que a minha lua tinha de ser em caranguejo

Quando envio mensagens a dizer que tenho saudades, nem sempre quer dizer que tenho saudades da pessoa em questão, no momento, no aqui e agora. Tenho saudades do que fomos, porque a vida é maravilhosa, linda e magnífica, mas está sempre a avançar, o tempo passa por nós como os camiões TIR passam nas nacionais, uns atrás aos outros sem avisarem e darem a oportunidade de os ultrapassarmos. Tenho saudades da pessoa que eu fui, que eu era, e entristece-me saber que as coisas não voltarão para trás. Os donos das palavras chamar-lhe-iam melancolia.
E sim, sou daquelas pessoas que mesmo que pudesse voltar atrás, acabaria por não mudar nada - se soubesse na altura o que sei hoje, nunca teria chegado até aqui.
O que quer que aqui signifique - menos certezas, muitas inseguranças, queixumes, frustrações e alguma felicidade no meio da infelicidade. Pelas razões óbvias, e porque o amor é, continua a ser, e será sempre a base de tudo na vida.
Quando me perguntam se já tenho mais de 18 anos, tenho de pensar duas vezes antes de dizer que sim... Peter Pan, és tu que estás a chamar por mim?