quinta-feira, 30 de junho de 2011

Para S.

Mais vale viver uma grande desilusão, do que viver numa ilusão.
Por mais lágrimas que isso signifique, por mais dor que isso traga às nossas vidas.
A verdade, sempre! *




There is nothing either good or bad, but thinking makes it so.
Shakespeare, in Hamlet







Mas já que penso tanto... Não há nada a fazer quanto a isso! Pensar mais? Duplopensar? Tornar 2 e 2 igual a 5? Acreditar que sim quando acho que não?
Assim, decidi seguir na corrente. Onde ela me levar, é onde eu estou!

Come Home - Franz Ferdinand

You're where you want to be,
I'm where I want to be
Come on
We're chasing everything we've ever wanted
I replace you easily, replace pathetically
I flirt with any flighty thing that falls my way
But how I needed you
When I needed you.
Lets not forget we are so strong, so bloody strong

So Come On Home.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Epifania

Na semana passada à noite, enquanto dormia, passou-me pela cabeça que se calhar te afastaste porque sentiste que nas nossas vidas existiam pessoas melhores, a quem dávamos mais valor.
Se calhar não te afastaste porque mudaste para melhor, porque emagreceste e começaste a ter boas notas. Se calhar ficaste "racional", como me disseste uma vez, porque o racional foi a forma que arranjaste para lidar com o desprezo, com a distância, as novas experiências no outro lado da Europa e na Capital, com o medo do esquecimento. Daí dizeres que não querias encontros, mas estares sôfrega de encontros quando nos encontrámos pela última vez. Só nessa noite percebi a parva que fui em deixar-te ter destruído tudo, e ires embora!
Agora, faço minhas as tuas palavras, numa repetição do padrão ad eternum.

Este texto é um dois em um!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

ευχαριστίες

pelas longas conversas, pela animação, por saber-te melhor que muitos, por poder mostrar o meu lado mais fraco e fazermos de conta enquanto o tempo passa, pelos risos, trocas de olhares, histórias, boa disposição, sal, sol, amizade, cumplicidade, pelo misticismo, pela filosofia e política. pelos sermões. pelos cozinhados, pelas caminhadas ao pôr-do-sol, pela infantilidade, partilhas, bullings voluntários. por quereres que eu seja feliz.

You see her, you can't touch her
You hear her, you can't hold her
You want her, you can't have her
You want to, but she won't let you


She's not so special so look what you've done, boy.




Oh, que ideia estúpida a nossa, esta de tentarmos agarrar sempre aquilo que nos parece fugir, que nunca vamos poder agarrar. E deixar fugir o que foi, e é tão nosso que até nem damos conta.

altos voos

A caminho de Lisboa, fiquei hipnotizada pelos meus pensamentos.
Na televisão mostravam pessoas a descer de uma ponte muito alta. Davam saltos e depois abriam pára-quedas coloridos, até chegarem a uma clareira junto ao rio, que corria, com corrente forte. Antes do pára-quedas abrir mandavam-se da ponte como se estivessem a mergulhar no ar, contentes, mas por segundos a câmara filmava-lhes a cara e eu via nela o desespero do pensamento "e se o pára-quedas não abrir? As rochas do rio são já ali".
Depois havia um casal, que parecia divertir-se a mandar um bidon pelas encostas abaixo, com um deles lá dentro, à vez. Como protecção tinham espuma à volta do corpo e um capacete. Ao fundo, via-se o mar, e eu estava com medo que a rapariga fosse parar a uma encosta, que o bidon rebolasse pelas rochas abaixo e ela caísse ao mar. E já imaginava, as ondas a dar-lhe no capacete azul, a espuma a boiar, e ela contra as rochas, suave e depois violentamente, ao sabor das ondas. E no fim, o rapaz desesperado, porquê brincar com uma coisa tão parva, a vida é tão valiosa, o que é que ele foi fazer, a ideia tinha sido dele, e ela é que tinha sugerido o capacete. Ela nem queria ir porque era claustrofóbica e ele é que a tinha coagido com um "ou te metes dentro do bidon e dás umas reboladelas pelas encostas bonitas deste país nórdico onde vivemos, ou está tudo acabado - tu vais para casa dos teus pais, e eu fico com o LCD gigante que ocupa metade da nossa sala. E os teus CD's."
O que mais me fascinou foi um grupo de amigos que fazia bungee-jumping: atados pelos pés mergulhavam numa ponte (já não tão alta como a dos saltos de pára-quedas), e alguns conseguiam mergulhar a cabeça na água do rio, para voltar imediatamente para cima, atordoados pelo impacto da queda. Depois, tentavam novamente chegar à água - nenhum conseguia, porque já não tinham impulso que lhes permitisse grandes saltos. Ficavam só ali, as pernas e os braços a dar, a balouçar indefinidamente, até ao fim. Não mostrava como é que saíam de lá, se os puxavam ou se mergulhavam mesmo ao rio. Se mergulhavam, eu não entendia como, porque estavam presos pelos pés.
Foi aí que pensei que a morte está tão presente ali, que já não sei se concordo com a ideia de que a pulsão de morte não pode existir porque não a conhecemos - tudo o que conhecemos é a vida. Não é preciso querer mandar-me de uma ponte abaixo, com o risco de me despedaçar lá em baixo para desafiar a minha sorte. Se tudo o que conhecemos é a vida, porque é que não vivemos da maneira que quem só conhece a vida pode viver? Porque é que vivemos sempre à espera de morrer, num toca-e-foge eterno, até ao fim?

I.C., angústia predominante: angústia de morte, que esconde uma eterna angústia de abandono. Ou se calhar que já foi abandonada.
Diagnóstico: No limite. Da vida e da morte.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

tende piedade, Senhor

Penso para mim mesmo que fiz um esforço.
Primeiro pensava que era eu que sofria porque amava alguém que já me tinha esquecido.
Agora apercebo-me que nunca amei nada: a pessoa que eu amava não existe mais, apesar de ver sombras dela, forçadas, por vezes. Se não existe mais, é porque até muito provavelmente nunca existiu, foi uma borboleta frágil que precisou que eu a curasse para voar com todas as suas cores. O único problema é que as cores me ferem a vista.
Eu bem sei que as pessoas mudam, os lugares mudam, e existem sempre algumas coisas que ficam...
Tudo isto para dizer que a realidade é que agora já não a amo, não a quero proteger nem ajudar, já não gosto de falar com ela, não tenho mais paciência, enerva-me a sua humilde existência e desejo de aparecer, a tentativa de ser simpática e fofinha, o tornar todos iguais, isto é, a defecção de pessoas (todos os animais são iguais), os seus 6 biliões de amigos no mundo... E às vezes até tenho medo do prazer que teria em vê-la nadar em lama suja.

Resumindo: Uma amizade não pode viver só de gratidão, e os tempos bons, lá vão.

Ámen.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

O nosso amor é como o céu: às vezes está carregado de electricidade, outras vezes de nuvens da paz.
Nunca é o mesmo, está sempre a andar, mesmo naqueles dias em que nada mexe um milímetro. E depois de muitos dias limpos vem uma nuvem negra, a seguir vem o sol, depois do sol uma nuvem negra, depois do dia, a noite, e depois da noite, o dia.
Ao pôr-do-sol podemos olhar para o coração um do outro, partilhar incertezas e certezas. Sonhos.
A única certeza é que por mais nuvens negras que existam a minar o nosso amor, o sol brilha sempre lá atrás.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

reflexão

se eu não estivesse tão auto-centrada podias ter chorado ao meu colo.
assim, nem tão-pouco sabia que precisavas de um ouvido.

sou tão má, sou tão má, sou tão má.

nada muda!

acordo

quando sentir a tua falta, dá sinais de vida.

domingo, 19 de junho de 2011

lusco-fusco


tento preencher a minha vida de coisas e pessoas, mas a realidade é que isso só a esvazia mais.
o frankl acredita que o sentido é tudo, eu se calhar tenho sentido, não tenho é uma boa base impulsionadora para a felicidade.
estou presa algures num passado que vai do rosa ao preto, num presente amarelo e num futuro por pensar.
tenho saudades tuas.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

sinto-me entrar num túnel escuro, e sei que não posso voltar para trás.
tenho medo, mas ao mesmo tempo a esperança de que lá ao fundo exista alguma coisa que valha a pena...
e outras vezes penso que sou eu, que se eu pensar muito coisas maravilhosas vão acontecer diante dos meus olhos,
apesar de ainda nunca ter acontecido.
às vezes tenho a sensação de que não passo da repetição.
se cada erro que eu cometo fosse uma batida com a cabeça, eu de certeza que já tinha a cabeça esmagada,
bocadinhos espalhados por paredes de muitas cores,
mas parece que continuaria até à exaustão.
e acho que mesmo depois da exaustão, eu continuaria a bater, desesperadamente.

domingo, 5 de junho de 2011

amor

Nos livros e na vida dos outros o amor vem sempre descrito como incluindo sempre dois lados, duas pessoas, uma corrente que liga duas pessoas para sempre. E quando esta corrente nunca existiu ou se partiu, causa uma grande dor à pessoa que fica sozinha, à espera de um sinal de afecto do outro.
Não tenho palavras para descrever o que sinto, mas sinto que é próximo disso: fiquei a segurar uma corrente que só existia na minha cabeça, ou que se existiu, foi substituída por uma mais colorida e mais fácil de manejar. Talvez com o tempo eu aprenda a esquecer a dor e a seguir em frente, a levar as coisas boas, a sorrir para a outra pessoa e para as outras todas, acenar e dizer "adeus, até um dia", mas a verdade é que não é isso que tenho vontade de fazer.
Tenho vontade de ficar fechada no quarto e chorar pela triste pessoa que sou, tenho vontade de gritar com Deus e perguntar-lhe porque raio é que me fez tão desajeitada, ou com os meus pais que me educaram e me fizeram esta pessoa aparentemente tão desinteressante aos olhos alheios. Tenho medo que esta pessoa de quem eu gostei tanto seja igual às anteriores e às que hão-de vir, tenho medo de amar e de cair em queda livre, mais uma vez.
Espero que o tempo me traga a capacidade de ver onde é que eu errei, onde é que me perdi, que caminhos podia ter trilhado, onde é que nunca cheguei, e qual é o meu papel no meio disto tudo. Espero que o tempo me traga a calma e tranquilidade que tudo isto me tirou, se alguma vez existiram em mim. Queria dizer que desta vez aprendi, mas sinto que ainda tenho muito para errar.
Apetece-me pedir ajuda, mas não sei a quem nem como.