Penso para mim mesmo que fiz um esforço.
Primeiro pensava que era eu que sofria porque amava alguém que já me tinha esquecido.
Agora apercebo-me que nunca amei nada: a pessoa que eu amava não existe mais, apesar de ver sombras dela, forçadas, por vezes. Se não existe mais, é porque até muito provavelmente nunca existiu, foi uma borboleta frágil que precisou que eu a curasse para voar com todas as suas cores. O único problema é que as cores me ferem a vista.
Eu bem sei que as pessoas mudam, os lugares mudam, e existem sempre algumas coisas que ficam...
Tudo isto para dizer que a realidade é que agora já não a amo, não a quero proteger nem ajudar, já não gosto de falar com ela, não tenho mais paciência, enerva-me a sua humilde existência e desejo de aparecer, a tentativa de ser simpática e fofinha, o tornar todos iguais, isto é, a defecção de pessoas (todos os animais são iguais), os seus 6 biliões de amigos no mundo... E às vezes até tenho medo do prazer que teria em vê-la nadar em lama suja.
Resumindo: Uma amizade não pode viver só de gratidão, e os tempos bons, lá vão.
Ámen.
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