sábado, 13 de agosto de 2011

Chapada Lírica


Faço aos outros o que gostava que me fizessem a mim. Se calhar aprendi, através do exemplo de anos e anos dos meus pais a agir sem ter em conta que os outros têm sentimentos e a dizer tudo o que acho sobre eles.
a verdade é algo que tem de vir embrulhado como um presente, ouço-os dizer, mas não fazer, a verdade vem com gritos e frases inacabadas, pessoas a dormir no carro, a minha mãe a dizer que se ia embora, todos a gritar e eu no meio disso tudo, sempre a defender uns e outros e sem ninguém para me defender a mim. Aqui sempre foi dividir para reinar, e se calhar nunca aprendi nada além disso.
Talvez as outras pessoas não tenham a coragem de enfrentar os conflitos, é muito mais fácil dizer tu até és boa pessoa, deixa lá, a dizer tu estiveste mal, vai lá pedir desculpa que foste uma besta quadrada!. Mas isto sou eu que me tenho de consolar, de algum modo.
E quando imortalizo uma pessoa ou duas ou um conjunto delas, é porque lhes estou a dar uma importância que nunca tive para elas - nem para me repreenderem por ser uma besta quadrada e as simplificar tanto ou me superiorizar tanto sobre elas. Talvez seja uma chamada de atenção, do tipo estou aqui, vê lá se me atinges como eu te consegui atingir na minha cabeça! E a verdade é que na minha cabeça consigo chegar a elas, mesmo que se trate da minha vizinha de meia-idade, a beber o chá das 5 rodeada pelo grupo de amigas.

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