quinta-feira, 7 de julho de 2011

feridas

Há cerca de um ano atrás, enfrentava a decisão sobre que rumo dar à minha formação académica. Queria ir para aquilo que queria, mas dentro do que queria, existiam várias opções, o que dificultava bastante a minha escolha. Assim, escolhi baseando-me naquilo em que acreditava.
Quando temos uma ferida há várias coisas que podemos fazer para a tratar. Podemos pôr água oxigenada e esperar que passe, podemos pôr aqueles pensos que são vendidos nas farmácias, para irem cicatrizando a ferida, podemos drenar todo o organismo com chás purificantes ou fazer tudo junto.
Para mim, dentro de uma ferida há sempre uma poeira fininha, que às vezes mal se vê, mas que se sente, que arde lá dentro, e é a essa poeira que é importante chegar, por mais que isso doa, que os outros achem desnecessário e uma perda de tempo, quando a ferida em questão se resolvia muito mais rapidamente e sem causar tanta dor e trabalho. Mesmo que seja preciso cortar a pele que está boa à volta, para chegarmos a essa poeira que espalha o veneno e infecta de dentro para fora o nosso organismo. Eu acredito que para crescer temos de sofrer, que as perdas nos ensinam sempre coisas novas e que não é virando a cara para coisas bonitas e passando panos quentes por cima das coisas que eles vão passar. Eventualmente até vão, mas uns anos, meses, dias mais tarde elas voltam, e no dobro ou no triplo do tamanho.
Bem sei que isso faz de mim uma pessoa pessimista, que pensa demasiado no que não deve, que explora por caminho que deviam continuar imaculados... Porque escavar nas nossas próprias feridas dói muito, eu sei que dói. Mas se ficarmos à superfície, nunca vamos resolver nada da nossa vida, e a ferida vai inchando, inchando, até que um dia tomou conta de nós e nem demos conta.

4 comentários:

Monica disse...

Falou e disse :) Tens toda a razão. É por isso que estamos lá. É por isso que eu estou. Dei cabo de mim, tive que me matar e ando a tentar descobrir-me nos destroços mas vale a pena. Era tão ignorante, não sabia nada. Agora mesmo que não saiba resolver muita coisa, já o significado, já lhes sei sentir o cheiro e o sabor. Já ajuda muito.

Às vezes é mais fácil virar a cara para as coisas bonitas e é preciso que assim seja, por vezes. Mas não deve durar, as feridas estão lá, são o que são. Se não as conhecemos, podemos morrer delas. Não acredito em pessimismos e muito menos em optimistas. A vida é o que é, quando dói é para doer...quando nos sorri, está tudo bem. Mas quando dói, não é para fingir. Digo eu, muitos não concordam. Não faz mal ;)

beijinho*

Monica disse...

O que é estas coisa dos chatinho? Só há essa opção? Lol gente má xD

cabelo ao vento disse...

Fui eu que pus a única opção "Chatinho", para não ter de lidar com a opinião do público. Funciona tipo regime ditatorial - podem falar, mas só têm uma opção... Podia ser "Muito bom", mas acho que "Chatinho" de adequa :)
Quanto ao teu comentário, sei que às vezes é melhor não aprofundar, que às vezes as pessoas não estão preparadas para isso... Mas o que defendo é que quando as pessoas enfrentam um problema, devem mesmo aprofundar. E aliás, a minha opinião é que passo a passo consegue-se sempre chegar lá!
Não acho que eu seja particularmente pessimista, o que acho é que esta forma de ver o "escarafunchar" as feridas como algo que até é positivo é visto pelos outros como mau... E eu até entendo. Ninguém quer sofrer quando pode não fazê-lo, é o o mais natural!

Beijinho*

Monica disse...

Ok, entendido. Há que não dar margem de manobra ao publico. xD

E tens razão sim. Devagar ou menos, acabamos por lá chegar. Eu tambem não me acho pessimista, é como disse, lido com o que há. E se o que há é mau (ainda que so para mim que é o que importa tb), é assim que eu lido. Se é bom, é bom e aproveita-se. Acho que sim, tens razão, os outros olham isto como um pessimismo, frequentemente. E faz parte ;)
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